TOBIAS BARRETO
"Relógio da minha vida que a desgraça adiantou,
A hora da despedida meu coração soou." - Tobias Barreto
Figura 19 – QR CODE vinculado a Tobias Barreto
Tobias Barreto de Menezes nasceu em 1839, na cidade que atualmente recebe seu nome, no estado de Sergipe. Ele começa seus estudos ainda em casa, com sua mãe, e aos 12 anos inicia seus estudos em latim na cidade de Estância, com o padre Dom Quirino. Homem mulato e de família simples, encontrou uma espécie de ascensão social por meio da docência, aos 15 anos. Aos18, começa a trabalhar como professor em Itabaiana. Nesse momento, Tobias Barreto tem uma vida de boêmia intensa, nas quais recitava seus poemas criativos e perspicazes. Numa determinada noite, um juiz o encontra, e ao ouvir suas poesias, esse homem oferece a Barreto uma carta de apresentação, a qual daria possibilidade de estudar Direito ou Medicina nos grandes centros intelectuais do país.
Anos depois, vai para Salvador e para ser seminarista, onde conhece Sílvio Romero, e passam a ser amigos de longa data. É expulso do seminário por tocar violão e cantarolar. Daí, então, segue sua vida rumo a Recife para se preparar para o ingresso na Faculdade de Direito. Enquanto discente do curso de Direito, tem contato com outros estudantes, como Joaquim Nabuco, Castro Alves e Rui Barbosa.
Incentivado pelo meio acadêmico ao qual estava inserido, Tobias Barreto começa a ter contato com a produção filosófica de diversos autores alemães, o que demonstra a configuração intelectual da geração de 1870. Ávido orador, Barreto de destacou nos debates filosóficos do momento.
Figura 20 – Tobias Barreto
Fonte: Acervo particular do autor, Janeiro/2022
Participou de campanhas pela República e pelo término da escravidão, pois em alguns momentos angustiantes, acreditou que não havia tido êxito em sua vida por ser mestiço. Foi um legítimo representante das discussões em que o país vivia, em pleno final do século XIX. Ao falar sobre Tobias Barreto, Hermes Lima (1939) diz:
(...) homem do povo, representa um ponto singular de referência para o estudo de vários aspectos da sociedade brasileira, na segunda metade do século XIX. A biografia de sua personalidade é, naturalmente, inseparável da história do seu tempo. Pessoalmente, Tobias pertenceu à "fulgurante plebe", ao grupo de homens de origem social humilde e mestiça, que, através das academias, invadiu a vida pública e a vida intelectual do Brasil, anunciando a sociedade diferente que vinha surgindo[1].
Em 1881, após intensas elucubrações filosóficas, retorna para Recife e passa a ser o mentor da Escola de Recife, “(...) movimento de renovação que, segundo Graça Aranha: emancipou o Brasil”[2]. Intensificou seus estudos em alemão para ter acesso à produção intelectual in loco e passa a ser o precursor e renovador de uma linha de oposição ao positivismo de Comte, contribuindo assim, para o ensino e a filosofia jurídica do país. Barreto caminhou por vários debates, como a defesa do acesso das mulheres ao ensino público e ao ensino superior; incentivou alternativas de movimentar a intelectualidade brasileira, as configurações do sistema educacional e seus estudos jurídicos, que colaboraram para reformas nessa seara.
Em 2019 foi sancionada a lei nº 13.927, a qual insere Tobias Barreto como filósofo, jurista, crítico e poeta
(...) no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A homenagem é oriunda do Projeto de Lei 4744/16, de autoria do Senado, e aprovada na Câmara no início de outubro. Ter o nome inscrito no livro significa receber o status de herói nacional. As páginas da obra são em aço. O livro fica guardado no Panteão da Pátria e Liberdade Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, na capital federal. UFPE – Centro de Ciências Jurídicas, 2020.[3]
Falece em 1889 devido complicações com sua saúde. As obras de Barreto sempre foram ponto de atenção para sua preservação. Em 1923, o então presidente do estado Maurício Graccho Cardoso determina que o estado todas as obras do intelectual, assim como em 1978, o governador José Rollemberg Leite, publica em seis volumes a obra literária, jurídica e filosófica. [4]. Na esfera nacional, em 1989 o governador Antonio Carlos Valadares solicita ao presidente José Sarney, que a cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Letras, tivesse como patrono Tobias Barreto, representado o quão foi significativa sua história, debates e obras.
Exercício de aplicação
1. Homem de diversas facetas, o sergipano Tobias Barreto esteve envolvido em diversos debates, aos quais, a nação brasileira estava envolvida, no final do século XIX. Entre a defesa do acesso ao ensino superior e ao ensino público para as mulheres, ele caminha pelas searas jurídicas, dando uma nova roupagem ao pensamento intelectual, o qual era pautado pelos debates franceses. Sobre o processo abolicionista, o poeta Tobias Barreto diz:
Se é Deus quem deixa o mundo
sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
para fazer homens livres,
para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a Religião.
Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
em delírio inefável,
praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
corrige o erro de Deus! (...)
Disponível em: https://www.ebiografia.com/tobias_barreto/. Acesso em:
Dessa forma, a partir dos textos acima e do que você estudou nas aulas, redija um texto de até 10 linhas, expondo quais as principais ideias defendidas por Tobias Barreto e seu papel na constituição da Escola de Recife.
Notas:
[1] LIMA, Hermes. Tobias Barreto – a época e o homem. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939, p. 01.
[2]MEIRA, José de Castro. Breves anotações sobre Tobias Barreto e sua obra, 2013. Disponível em: https://www.editorajc.com.br/breves-anotacoes-sobre-tobias-barreto-e-sua-obra/. Acesso em.
[3] Disponível em: https://www.ufpe.br/arquivoccj/curiosidades/-/asset_publisher/x1R6vFfGRYss/content/um-dos-maiores-pensadores-brasileiros-do-seculo-xix-tobias-barreto/590249. Acesso em 21 dez. 2021.
[4]MEIRA, José de Castro, op. cit.

